A Man Escaped (1956) - Robert Bresson: o dia em que o homem desafiou um exército!

 Sinopse

    A história acompanha Fontaine, um prisioneiro da Resistência Francesa condenado à morte pelos nazistas durante a Segunda Guerra. Preso em uma cela, ele planeja uma fuga meticulosa, usando objetos simples e contando com a ajuda de outros detentos, enquanto vive a constante ameaça de ser descoberto.

Resenha 

    Através de um ritmo cadenciado, Robert Bresson usa do desenvolvimento interno de seus personagens para contar e efetivar uma história sobre liberdade. Tal liberdade é contada a partir de um ponto de vista extremamente interno, quase invisível. Em meio a opressão do regime nazista, Fontaine é um homem frágil, muitas vezes sensível quando posto frente a frente a outras pessoas. Fontaine se torna o ponto principal da história muito por conta de suas esperanças, que mesmo no limiar da escassez, ainda é muito, comparada a dos outros prisioneiros. 

    Bresson é um cineasta conhecido por suas visões pessimistas sobre política e situações relacionadas a relações, o que configura seu cinema como uma das principais vozes da cinefilia niilista. Em A Man Escaped, isso é empregado no decorrer do longa, onde a maior parte do tempo somos inclinados a sofrer. Sofrer por um plano, por possibilidades e sentimentos internos. O filme nos dá margem para pensarmos nas perdas. Perdas de familiares, sonhos... Tudo isso é oculto, e esse é um dos motivos pelo qual o filme inspirou tantas narrativas desde os anos 50. 

    Ainda sobre o personagem principal, Fontaine demonstra ser uma pessoa fria, que segundo ele, "não ri". Essa frase marca muito o desenvolvimento do personagem pois, em quase 2 horas de filme, ele realmente não ri. Seu aspecto se mantém o mesmo, independente do estágio do plano, se suas esperanças estão se tornando palpáveis ou não. Fontaine é o retrato da guerra, os únicos sentimentos que ecoam em meio ao risco de vida causado pela maldade humana são o medo e a angústia. No entanto, Fontaine não deixa de ser humano, não deixa de buscar respostas, sejam elas relacionadas à fuga, ou até mesmo apenas um contato com outros prisioneiros. 

    Com isso, A Man Escaped é um filme de grande influência pro cinema contemporâneo, destacando Shawshank Redemption, filme de Frank Darabont, em ambos os filmes a liberdade se torna um ser abstrato, quase que um ideal de vida onde pessoas se vêem frente a frente com suas pluralidades de... escolhas... 

    Enfim, A Man Escaped é um dos principais filmes da incrível filmografia de Robert Bresson. Uma ótima escolha para aqueles que buscam ingressar na história do cinema sem deixar seu lado político de escanteio. O filme conta com debates acerca da liberdade que ressoam até os dias atuais, o tornando um filme, infelizmente, necessário além de eficaz.