Fantastic Planet (1973) - René Laloux: experiments!

 Sinopse:

Em um planeta distante chamado Ygam, onde os humanos (chamados de Oms) são criaturas pequenas e primitivas, mantidas como animais de estimação ou perseguidas pelos gigantescos e intelectualmente avançados Draags. A história segue Terr, um jovem Om que escapa de seu dono Draag e se junta a um grupo de Oms selvagens. Ao longo do filme, os Oms lutam por sobrevivência e liberdade, enquanto os Draags debatem se devem exterminá-los ou coexistir.

On a distant planet called Ygam, where humans (known as Oms) are small, primitive creatures kept as pets or hunted by the gigantic and intellectually advanced Draags, the story follows Terr, a young Om who escapes from his Draag owner and joins a group of wild Oms. Throughout the film, the Oms fight for survival and freedom, while the Draags debate whether to exterminate them or coexist.

Resenha:

Ambientado em um cenário de horror, Fantastic Planet reafirma a ideia de liberdade criativa, especificamente em animações, ao abordar de maneira cômica uma situação de terror. Casando esses dois gêneros, o filme mantém o sadismo em níveis extremos do início ao fim, como uma forma de "brincar" com as emoções do público por meio de elementos do cinema experimental — como o uso exímio de apetrechos sensoriais.



Em meio a tantas questões filosóficas, uma se destaca: o limite do outro. Segundo o filme, esse limite é a imposição de poder de um ser sobre o outro — o mais forte controlando o mais fraco. No entanto, consciente do potencial de sua narrativa e dos debates que propõe, o longa arrisca ao se aventurar em um terceiro gênero: a ficção científica. Nesse recorte específico, encontramos um precursor do cinema sci-fi, em que elementos como a exploração de um local desconhecido e a natureza alienígena daquele ambiente refletem no conjunto da obra. Filmes como Avatar (2009) tornam-se exemplos de uma abordagem semelhante à da animação francesa.

Além disso, uma das principais "armas" do filme é a vitimização do ser humano, gerando uma identificação autêntica e natural por parte do público. Isso faz com que os espectadores se coloquem no lugar dos personagens e reflitam sobre os temas apresentados a partir de um ponto de vista subjetivo e, ao mesmo tempo, moralista.



Por fim, o filme mantém uma agonia constante — e talvez seja essa a razão pela qual ele permanece como um dos melhores filmes de animação da história. O cinema experimental é uma mecânica pouco explorada atualmente, e Fantastic Planet serve como um lembrete de que, apesar de suas complexidades, essa vertente precisa ser trabalhada com maestria para funcionar. Quando funciona, torna-se um complemento extraordinário para a sétima arte. O longa francês é excepcional: provavelmente um dos raros filmes de horror cósmico (e cômico) bem-sucedidos já realizados!



English review: 


Set against a backdrop of horror, Fantastic Planet reaffirms the idea of creative freedom, specifically in animation, by addressing a terrifying situation in a comedic manner. By merging these two genres, the film maintains extreme levels of sadism from start to finish, as a way of “playing” with the audience’s emotions through elements of experimental cinema—such as the masterful use of sensory props.


Amid so many philosophical questions, one stands out: the limit of the other. According to the film, this limit is the imposition of power by one being over another—the strong controlling the weak. Yet, aware of the potential of its narrative and the debates it sparks, the feature takes risks by venturing into a third genre: science fiction. In this specific context, we find a precursor to sci-fi cinema, where elements like the exploration of an unknown location and the alien nature of that environment resonate throughout the work. Films like Avatar (2009) become examples of an approach similar to that of this French animation.

Moreover, one of the film’s main “weapons” is the victimization of human beings, generating an authentic and natural sense of identification from the audience. This leads viewers to put themselves in the characters’ shoes and reflect on the themes presented from a subjective yet moralistic point of view.



Finally, the film maintains a constant sense of agony—and perhaps that is why it remains one of the greatest animated films in history. Experimental cinema is an under-explored mechanic today, and Fantastic Planet serves as a reminder that, despite its complexities, this approach must be executed with mastery to work. When it works, it becomes an extraordinary complement to the seventh art. The French feature is exceptional: likely one of the rare successful cosmic (and comedic) horror films ever made!



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