Émotion (1966) - Nobuhiko Obayashi | A fairy tale for adults...

 Sinopse/Sinopsys: (english review below) 

Curta-metragem experimental que retrata a vida, talvez real, talvez um sonho, de uma jovem chamada Emi. Emi viaja para a cidade, onde encontra sua contraparte, Sari, e se apaixona por... um vampiro?

Experimental short film depicting the life, perhaps real, perhaps a dream, of a young girl named Emi. Emi travels to the city where she encounters her counterpart, Sari, and falls in love with...a vampire?

Crítica: 

Quando vamos crescer, enfim? O que faz da juventude uma parte fragmentada, porém mágica, da existência humana é o jeito lúdico e libertário com que a imaturidade e a sua potencialidade nos guiam por caminhos nem sempre bons, no entanto, sempre lado a lado com o molde de ser e de se tornar um adulto. Em Émotion (1966), o experimental é utilizado por meio de cores e montagem para retratar um percurso de transição: entre a jovialidade e a infância, duas garotas exploram seu limitado espaço para se tornarem, em breve, adultas. Nisso, somos apresentados aos relacionamentos, ao amor.

Amar tão jovem é como um conto de fadas traiçoeiro, onde tudo é muito extremo: um dia amamos e somos capazes de fazer loucuras; no outro, não damos a mínima, pois, em tese, não era amor. E o erotismo do filme é justamente esse jogo de expandir e retroceder a evolução das duas personagens, de reconhecer seus erros e acertos, ou seja, escolhas. Portanto, se o filme enfatiza que a juventude é sobre o amor, ele está certo! Amar é coisa de jovem — por isso adultos amam, pois em toda etapa da vida temos um pouco de juventude.

Além disso, o filme explora a metalinguagem como formato de cinema, como uma narrativa de expansionismo, sendo um conto de fadas real. Afinal, o que é o cinema senão um conto de fadas para adultos? O western americano retrata a honra masculina; a femme fatale, uma fantasia feminina de domínio; a fantasia, o imaginário de questões que o ser humano ainda não pôde descobrir… O cinema é uma brincadeira para adultos, e isso é lindo, não? É mágico poder assistir a fantasias, é mágico poder explorar a psique humana a fim de expandir horizontes e, por fim, ser um estudo psicológico e filosófico do ser.

Por fim, Émotion é sobre amadurecer sem deixar nosso lado infantil morrer. Seu erotismo provém do sentimentalismo, do amor jovial. Sua fantasia vem do cinema como conto, como uma fábula para pessoas que, de fato, nunca deixaram de sonhar. E, de certa forma, me vi nesse último debate — sobre querer ver sempre algo além da realidade, como ocorreu nos dramas da Grécia Antiga, como ocorre atualmente com Jurassic Park e Avatar, onde tudo é uma grande e complexa evolução dos simples e genuínos contos de fada. Ser e crescer dói, mas, apesar de necessário e inevitável, tem tudo para ser uma das melhores experiências de viver como pessoa, como ser humano.

Review:

When will we finally grow up? What makes youth a fragmented, yet magical, part of the human existence is the playful and libertarian way in which immaturity and its potential guide us down paths that are not always good, yet always side by side with the mold of being and becoming an adult. In Émotion (1966), the experimental is used through color and editing to portray a path of transition: between youthfulness and childhood, two girls explore their limited space to soon become adults. In this, we are introduced to relationships, to love.

To love so young is like a treacherous fairy tale, where everything is extreme: one day we are in love and capable of doing crazy things; the next, we couldn't care less because, in theory, it wasn't love. And the film's eroticism is precisely this game of expanding and retreating in the evolution of the two characters, of recognizing their mistakes and successes—that is, choices. Therefore, if the film emphasizes that youth is about love, it is right! To love is a young person's thing—that's why adults love, because at every stage of life, we have a bit of youth.

Furthermore, the film explores metalinguistics as a film format, as a narrative of expansionism, being a real fairy tale. After all, what is cinema if not a fairy tale for adults? The American western portrays male honor; the femme fatale, a feminine fantasy of dominion; fantasy, the imaginary of questions that humanity has not yet been able to discover... Cinema is a game for adults, and that's beautiful, isn't it? It is magical to be able to watch fantasies, it is magical to be able to explore the human psyche to expand horizons and ultimately be a psychological and philosophical study of the being.

Finally, Émotion is about maturing without letting our inner child die. Its eroticism comes from sentimentalism, from youthful love. Its fantasy comes from cinema as a tale, as a fable for people who, in fact, never stopped dreaming. And, in a way, I saw myself in that last debate—about always wanting to see something beyond reality, as happened in the dramas of Ancient Greece, as currently happens with Jurassic Park and Avatar, where everything is a great and complex evolution of the simple and genuine fairy tales. To be and to grow up hurts, but although necessary and inevitable, it has everything it takes to be one of the best experiences of living as a person, as a human being.