Microhabitat (2017) - Jeon Go-woon | Enough to pay my adiction...

 Sinopse: (English Essay Below)

Mi-so 31, mal consegue sobreviver em Seul. Suas alegrias na vida: cigarros, um uísque depois do trabalho e o pobre namorado aspirante à artista. À medida que os preços dos cigarros e os aluguéis começam a subir, os amigos de Mi-so se juntam em seu sofá, enquanto ela reconsidera seu lugar na vida.






Crítica: 

 Em um cenário de dor e angústia, Mi-so transforma todo o caos em gentileza, sendo punida severamente, ainda que de maneira indireta. Seus desejos são simples: whisky, cigarros e uma companhia. O filme conta uma história de romance em um tom cômico, este oscilando entre momentos em que tudo tem uma resposta com um sorriso e até mesmo discussões intensas sobre o futuro, sempre apaziguadas pela direção geral e pela direção de arte, ambas optando por um drama leve e fluido. Essa escolha transforma o filme que, de certa forma, é um longa-metragem extremamente politizado.





Ao longo de seus relacionamentos, Mi-so demonstra ser uma garota doce, com poucas ambições, o que a torna um personagem "flat", sendo seus sonhos e desejos facilmente alcançáveis. No entanto, o filme escolhe contar uma história sobre desigualdade social através de um "fantoche". Mi-so vive em um filme de road trip em um ambiente mais nichado. Ela adquire vivências e conhecimentos através da comparação, enquanto perambula pela cidade em busca de nada mais, nada menos, do que um lugar onde possa descansar e ainda assim sustentar seus vícios.




O vício é um tema polêmico, fato. No entanto, para se alcançar a dignidade social, um país deve fornecer, ao menos, a oportunidade de que as pessoas sustentem seus vícios. Digo isso, pois vício é uma doença, independentemente de qual seja, e é preciso ter a opção de continuar com ele, já que é necessário: fisiológica e psicologicamente. E nisso o filme é extremamente eficaz! Ele se desdobra mais e mais, adentrando na desigualdade social e psicológica de seus personagens, enquanto Mi-so se mantém na neutralidade, apenas aceitando o que lhe oferecem.



Microhabitat é um típico filme de humor ácido, ainda que muito sutil. Com ele, notamos que até mesmo na falha há um jeito de acertar, seja com bons atos ou até mesmo com grosseria. O filme não se faz complexo pela personagem principal, e sim pelo seu trajeto até sua conclusão, esta abrupta e aberta. É visceral, real e ainda assim lúdico. É um filme que remete a Hong Sang-soo, mas um pouco mais direto em sua mensagem e, portanto, possui um caráter autoral semelhante ao de sua referência, sendo um filme político, cômico e social. Um filme simples sobre uma garota, seus cigarros e seu whisky!



English Review: 


In a landscape of pain and anguish, Mi-so transmutes chaos into kindness—only to be punished severely, albeit indirectly. Her desires are simple: whiskey, cigarettes, and companionship. The film tells a love story through a comedic lens, oscillating between moments where every problem is met with a smile and heated debates about the future, always softened by the fluid, understated direction and art design. This approach transforms what is, at its core, a deeply politicized feature.

Throughout her relationships, Mi-so reveals herself as a sweet, unambitious girl, rendering her a somewhat "flat" character—her dreams and desires easily attainable. Yet the film chooses to explore social inequality through this very "puppet." Mi-so inhabits a road-trip narrative within a niche environment, gaining wisdom through comparison as she drifts through the city in search of nothing more, nothing less, than a place to rest while sustaining her vices.

Addiction is a contentious theme, yes. But for a society to uphold dignity, it must at least provide people the option to maintain their vices. I say this because addiction is an illness—regardless of its form—and the choice to continue must exist, as it becomes a physiological and psychological necessity. Here, the film excels brilliantly! It unfolds layer after layer, delving into the social and psychological disparities of its characters, while Mi-so remains neutral, passively accepting what life offers.

Microhabitat is a quintessential dry comedy, albeit a subtle one. It reminds us that even in failure, there’s a way to persevere—whether through kindness or rudeness. The film’s complexity lies not in its protagonist, but in her journey toward an abrupt, open-ended conclusion. It’s visceral, real, yet oddly whimsical. A cinematic cousin to Hong Sang-soo’s works, though more direct in its messaging, it carries a similar auteurist spirit—a political, comedic, and socially charged gem. A simple film about a girl, her cigarettes, and her whiskey!

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