Suspiria (1977) - Dario Argento | The colours that pulses agony!

 Sinopse/Sinopsys: (English essay below)

Uma jovem bailarina se muda para uma prestigiosa academia de dança na Europa, mas descobre que o local é um front para uma seita de bruxas antigas e malignas. Ela precisa enfrentar horrores sobrenaturais e tentar escapar viva enquanto a violência e o terror surgem em cada corredor.

A young American ballerina arrives at a prestigious European dance academy, only to discover it is a front for a sinister coven of ancient witches. As a series of brutal murders occur, she must uncover the supernatural horrors hidden within its walls and fight to escape alive.





Crítica/Critics: 

É impressionante como Suspiria, de Dario Argento, me marca toda vez que assisto. É um filme tão lindo esteticamente e tão brutal e visceral... Mal me recordo sobre o filme, é como se eu o apagasse da mente toda vez e, consequentemente, toda vez que me encontro frente a frente à personagem interpretada por Jessica Harper (uma atriz excepcional, assim como cantora!), é uma experiência nova. E pouco se fala sobre como o terror é um gênero complexo, e digo isso não por opiniões de críticos, porque a maioria dá o devido valor à sua complexidade, mas sim pelo imaginário público que premiações constroem ao subestimar e negligenciar obras como o próprio Suspiria, até mesmo as questionáveis como Terrifier, que cá entre nós é muito, mas muito bem feito!



Suspiria é puro detalhe, e são detalhes tão minuciosos que se tornam até mesmo um jogo narrativo, no qual o público deve e vai comprar a história porque ela instiga, joga junto do desejo e do anseio de querer saber mais o tempo todo. É um filme de terror? Sim! E ainda assim, um filme de fantasia...




Suzy faz parte de um arquétipo de heroína muito bem moldado. Falo por ser uma personagem multifacetada, fazendo com que esse arquétipo seja apenas uma base, pois ela se desafia a ir mais e mais longe, sendo uma heroína de um filme de aventura jogada num contexto de terror. E esses desafios constroem uma personagem bondosa, de fácil contato. Ela é uma representação do bem em meio ao caos e, junto ao roteiro, se torna um rosto empático. Resumindo, Suzy é uma personagem bonita. Bonita no sentido de ser, para o roteiro, uma atitude em torno de um ciclo, e esse ciclo é, narrativamente, imposto pelo roteiro de Argento para que ela o quebre.


No entanto, podemos destacar que, mesmo o roteiro tendo, na conclusão, um arco de heroína, no desenvolvimento o filme esconde ao máximo sua resolução, sendo uma junção de casos e casos que se desenvolvem gradativamente. E por mais redundante que pareça tudo isso, o filme é sensorial. É difícil descrever com palavras as sensações que esse filme traz à tona. Todavia, destacarei aspectos técnicos, como o uso das cores. O uso de cores que, comumente, são utilizadas como exaltação de momentos calorosos, em Suspiria são utilizadas como sufocamento, claustrofobia. Uma sensação semelhante ao uso em pontos de The Shining, Antiporno, Three Colors: Red, The Rocky Horror Picture Show... Filmes coloridos nem sempre são feitos para exaltarem somente a estética, esse é o ponto. Sendo assim, em Suspiria o horror sorri, o horror é bonito, o horror abraça o absurdo, que sufoca a heroína...




Por fim, Suspiria é, na minha opinião, um dos filmes que melhor subvertem a estética. É acolhedor, é sufocante, é extremamente aconchegante, mas te tortura. É um filme intenso, muito intenso, que pode ser confundido por um sangue que, até mesmo para a época, era amador. E nisso mora a ironia, que contribui com o horror, e somado a tudo o que eu disse e enfatizei, repito: é um dos filmes mais efetivos e subversivos do cinema de terror. Mal posso dizer a frase "com seus defeitos", pois não vejo nenhum. É um filme que diz por si só o que tem a dizer, e é nisso que mora a genialidade de um diretor que, em sua ironia própria, entende que o complexo de um filme horroroso pode ser feito com o básico, e com o carinho de um artista, o básico se torna mais do que efetivo — torna-se geracional!


English: 


It's impressive how Suspiria, by Dario Argento, moves me every time I watch it. It's a film so aesthetically beautiful, and yet so brutal and visceral... I barely remember the movie afterward; it's as if I erase it from my mind every time. Consequently, every time I find myself face to face with the character played by Jessica Harper (an exceptional actress and singer!), it's a new experience. And people rarely talk about how horror is a complex genre. I say this not because of critics' opinions—most of them give it due credit for its complexity—but rather because of the public perception that awards shows build by underestimating and neglecting works like Suspiria itself, and even questionable ones like Terrifier, which, between us, is very, very well made!



Suspiria is pure detail, and they are so meticulous that they become a narrative game—one where the audience must and will buy into the story because it provokes, plays with desire and the yearning to want to know more all the time. Is it a horror movie? Yes! And yet, it's also a fantasy film...

Suzy is part of a very well-crafted heroine archetype. I say this because she is a multifaceted character, making that archetype merely a foundation, as she challenges herself to go further and further, being a heroine from an adventure film thrown into a horror context. And these challenges build a kind, approachable character. She is a representation of good amid chaos, and, combined with the script, she becomes an empathetic face. In short, Suzy is a beautiful character. Beautiful in the sense of being, for the script, an attitude surrounding a cycle—a cycle that is, narratively, imposed by Argento's script so that she can break it.



However, we can highlight that, even though the script has a heroine's arc in its conclusion, throughout its development the film hides its resolution as much as possible, being a series of cases that develop gradually. And as redundant as all this may seem, the film is sensory. It's hard to describe in words the sensations this film brings out. Nevertheless, I will highlight technical aspects, such as the use of color. The use of colors that are commonly employed to exalt warm moments is used in Suspiria for suffocation and claustrophobia. A sensation similar to their use in moments of The Shining, Antiporno, Three Colors: Red, The Rocky Horror Picture Show... Colorful films aren't always made just to exalt aesthetics; that's the point. Thus, in Suspiria, horror smiles, horror is beautiful, horror embraces the absurd, which suffocates the heroine...


Finally, Suspiria is, in my opinion, one of the films that best subverts aesthetics. It is soothing, it is suffocating, it is extremely cozy, but it tortures you. It is an intense film, very intense, which could be mistaken for having amateurish blood effects, even for its time. And therein lies the irony, which contributes to the horror. Added to everything I've said and emphasized, I repeat: it is one of the most effective and subversive films in horror cinema. I can hardly say the phrase "with its flaws," because I see none. It is a film that speaks for itself, and that is where the genius of a director lies who, in his own irony, understands that the complexity of a horror film can be achieved with the basics, and with the care of an artist, the basics become more than effective—they become generational!



Comments