Umberto D. (1952) - Vittorio De Sica | The shared social pain...

 Sinopse/Synopsis: (English version bellow) 

 O filme acompanha a vida de Umberto Domenico Ferrari, um idoso aposentado que vive em Roma e luta para manter sua dignidade diante da pobreza e do abandono. Com sua única companhia sendo o leal cachorro Flike, Umberto enfrenta a solidão, a indiferença da sociedade e a ameaça de despejo de seu apartamento. A história explora temas como a velhice, a exclusão social e a busca por um mínimo de respeito humano, tudo retratado com sensibilidade e realismo característicos do cinema neorrealista italiano.

The film follows the life of Umberto Domenico Ferrari, an elderly retiree living in Rome who struggles to maintain his dignity amidst poverty and neglect. With only his loyal dog, Flike, by his side, Umberto faces loneliness, societal indifference, and the looming threat of eviction from his apartment. The story explores themes such as old age, social exclusion, and the quest for basic human respect, all portrayed with the sensitivity and realism emblematic of Italian neorealist cinema.




Crítica: 

Em uma sociedade devastada pelo fascismo, Umberto D. retrata como a desigualdade social e a falta de suporte governamental geram a insatisfação de ambas as classes distintas: os mais afortunados buscam uma forma de "jogar fora" o que consideram como "restos", e a parte menos afortunada vive em situação de miséria extrema, dependendo de um governo que pouco se importa. Afinal, o neorrealismo italiano é um cinema extremamente político, um cinema que conversa com a sociedade de forma direta, por isso se tornou um dos principais movimentos cinematográficos da Europa. Umberto D. é um filme que humaniza o sofrimento social; ele pega um caso extremamente seletivo e constrói o universo a partir dele, e é isso que vamos desenvolver!



Quem não quer paz e conforto? Essa é uma pergunta retórica, isso nos anos 30/40/50 até os dias de hoje: não há alguém no mundo que não queira ter um lugar para deitar, alimentos, uma boa vida. E o que seria uma boa vida, no final? Seria suporte de políticas públicas. Com um governo omisso, podem sim existir pessoas com uma vida próspera, no entanto, para isso acontecer, outras milhares teriam que viver na escassez, no estresse... Umberto provavelmente fora um proletário; não é um filme sobre seu passado, mas seu presente denuncia que, enquanto jovem, fora uma vítima do governo que estava mais preocupado com guerras e censuras do que necessariamente com a população. E isso se adequa a todos os governos fascistas, da época e atuais.

Umberto possuía um amigo, Flike. Flike é mais do que uma companhia, é a vida de Umberto. Umberto só tinha o pequeno cãozinho, e vice-versa. Umberto tentara dar uma vida melhor a Flike, mas o destino não seria tão cruel com ambos, e por isso a magia do cinema, da história e dos sentimentos caem sobre os dois: é uma relação fantástica sobre ser e estar presente, independentemente das circunstâncias. E 
quando isso acontece, a emoção toma conta...




Enfim, Umberto tem uma vida a continuar. Apesar de parecer que tudo tem seu fim, para todo fim durante o filme, algo novo começou. E essa nova etapa de Umberto será longe, talvez longe da própria cidade de Roma, longe da cultura, de sua personalidade... Tudo parece novo enquanto Flike e Umberto caminham para longe, ainda que soe como uma despedida. E, através de passo seguido de passo, eles adentram uma nova vida. Longe dos problemas antigos, perto de descobrirem os novos, mas ainda assim, juntos, como melhores amigos!



English:


In a society devastated by fascism, Umberto D. portrays how social inequality and the lack of governmental support fuel dissatisfaction among both distinct classes: the more fortunate seek ways to discard what they consider "leftovers," while the less fortunate live in extreme poverty, relying on a government that cares little. After all, Italian neorealism is an intensely political cinema—one that speaks directly to society, which is why it became one of Europe's most significant film movements. Umberto D. is a film that humanizes social suffering; it takes an extremely selective case and builds a universe around it, and that's exactly what we'll explore!



Who doesn’t want peace and comfort? That’s a rhetorical question—one that applies to the 30s, 40s, 50s, and even today. There isn’t a single person in the world who wouldn’t want a place to sleep, food, a good life. But what is a good life, in the end? It’s the support of public policies. With an indifferent government, some may indeed thrive, but for that to happen, thousands of others must live in scarcity and stress... Umberto was likely a proletarian; the film isn’t about his past, but his present reveals that, as a young man, he was a victim of a government more concerned with wars and censorship than with its people. And this applies to all fascist regimes, past and present.

Umberto had a friend: Flike. Flike is more than a companion—he’s Umberto’s life. Umberto had only the little dog, and vice versa. Umberto tried to give Flike a better life, but fate wouldn’t be so cruel to them both, and that’s where the magic of cinema, storytelling, and emotion takes over: theirs is a remarkable bond about being present no matter the circumstances. And when that happens, emotion takes hold...





In the end, Umberto has a life to carry on. Though it may seem like everything reaches an end, for every ending in the film, something new begins. And this new chapter for Umberto will take him far away—perhaps far from Rome itself, far from culture, from his identity... Everything feels new as Flike and Umberto walk into the distance, even if it sounds like a farewell. Step by step, they enter a new life. Free of old troubles, close to discovering new ones, yet still together—as best friends!


Comments