Frankenstein (2025) - Guillermo Del Toro | The forsaken son

 There's an english version Below! 


Frankenstein 

Guillermo Del Toro


E, no fim, tudo é uma fantasia. Del Toro, por sua vez, encontra na história clássica uma forma de modernizar um conto que está intrinsecamente ligado ao poder do ensino. Ensino, em sua visão, significa o poder de pensar, ser indagador, levantar questões que muitas vezes não possuem respostas além do ego, além da necessidade de ser alguém. No entanto, ser alguém em relação ao outro: ser notado acima de ser visto como uma pessoa só.

E nisso caímos em um mundo de poder, onde a sabedoria é mais eficaz do que o sentimento. Victor Frankenstein é um gênio em sua mais pura forma e convive com o peso disso. Pessoas não podem ser pessoas sozinhas, mas podem cometer erros. Esses erros são, em tese, decisões tomadas sem ao menos possuir fundamentos, e Victor constrói um filho sozinho. Filho este que vive por medo: medo de não saber quem é, de ter uma alma, mas não possuir vida. Enquanto Victor busca aprovação das pessoas, seu filho não busca nada, pois, de fato, aquele que não é nada não pode buscar nada. Afinal, se estamos na estaca zero, sem a previsão de alcançarmos o 1, não possuímos desejos, tampouco metas, e assim sucessivamente.

Agora, sobre o filme: as escolhas de introdução do longa de Del Toro me incomodaram muito por serem vazias. Não digo como se não fossem necessárias, mas há um claro contraste de objetivos entre a história de Victor e a história do monstro. A primeira é uma introdução longa, com um drama ineficaz e com poucos momentos que engrandecem a trama, sendo assim uma parte que nos parece uma "apaziguação" do filme, onde "esfria" a narrativa para destacar a qualidade final. E, enfim, a parte do monstro se transforma em um debate filosófico que, realmente, transforma o filme em algo um pouco menos pretensioso e mais eficaz, mais poético—melhor! Victor, ao longo de mais de uma hora, só reforça em loop a sua obsessão por superar o pai. E, apesar de eu ser a favor de criticar um filme pelo que ele é, e não pelo que queríamos que ele fosse, Del Toro simplifica demais a primeira parte do filme em prol de cativar aqueles que queriam um filme mais comercial do que artístico: é vazio.




Enfim, a parte do monstro. Apesar das críticas ditas, a segunda parte do filme é excepcional! O tom de aventura parece genuíno, assim como os debates sobre descobrir quem somos, em tese, quem fomos, e as futuras decisões que nos transformarão em pessoas. Chamando o monstro de "Frankenstein", ele é uma vítima de um homem que um dia foi uma vítima. Mas o que quero destacar dessa segunda passagem é a forma com que o debate se aprofunda em temas que normalmente o mercado americano evita, e evita por serem temas que não vendem. Enfim, entramos na qualidade de Del Toro ao casar o "ruim" ao "bom"; ele une a parte mercadológica à parte que realmente é artística, destacando não só uma qualidade consciente, mas também o domínio do diretor sobre o mercado.

Por fim, o filme não é inovador, não é excepcional. É um filme de fato inconstante, mas que, em termos gerais, funciona e está acima da média em questão do mercado atual de Hollywood! Não é o melhor filme do Del Toro, tampouco o melhor uso do nome "Frankenstein", mas moderniza uma obra clássica, onde a filosofia da busca por se entender perante a violência da sociedade é tão necessária quanto se ver vivo. Por isso, o filme se mostra uma obra eficaz, apesar de, como dito, inconsistente.






English: 


 Frankenstein


In the end, everything is a fantasy. Del Toro, in turn, finds in the classic story a way to modernize a tale that is intrinsically linked to the power of teaching. "Teaching," in his view, means the power to think, to be inquisitive, to raise questions that often have no answers beyond the ego, beyond the need to be somebody. However, to be somebody always in relation to the other: to be noticed above being seen as a person alone.

This leads us into a world of power where wisdom is more effective than sentiment. Victor Frankenstein is a genius in his purest form and lives with the weight of it. People cannot be people alone, but they can make mistakes. These mistakes are, in theory, decisions made without any foundation. And so, Victor builds a son alone—a son who lives out of fear: the fear of not knowing who he is, of having a soul but not possessing a life. While Victor seeks the approval of others, his son seeks nothing, for, in fact, he who is nothing can seek nothing. After all, if we are at square one, with no prospect of reaching the first step, we possess neither desires nor goals, and so on.

Now, about the film: the introductory choices in Del Toro's feature film bothered me a lot for being empty. I don't mean to say they weren't necessary, but there is a clear contrast of objectives between Victor's story and the monster's story. The former is a long introduction, with an ineffective drama and few moments that elevate the plot, thus feeling like a "pacifying" part of the film, where it "cools down" to highlight the final quality. And finally, the monster's part transforms into a philosophical debate that truly turns the film into something less pretentious and more effective, more poetic—better! Victor, for over an hour, only reinforces in a loop his obsession with surpassing his father. And although I am in favor of criticizing a film for what it is, and not for what we wanted it to be, Del Toro oversimplifies the first part of the film to cater to those who wanted a more commercial than artistic film: it's empty.




Finally, the monster's part. Despite the criticisms mentioned, the second part of the film is exceptional! The adventure tone feels genuine, as do the debates about discovering who we are, in theory, who we were, and the future decisions that will transform us into people. By calling the monster "Frankenstein," he is a victim of a man who was once a victim himself. But what I want to highlight in this second part is the way the debate delves into themes that the American market normally avoids, and avoids because they are themes that don't sell. Here, we see Del Toro's quality in marrying the "bad" with the "good"; he unites the marketable part with the truly artistic one, highlighting not only a conscious quality but also the director's mastery of the market.

In conclusion, the film is not innovative, nor is it exceptional. It is indeed an inconsistent film, but overall, it works and is above average for the current Hollywood market! It is not Del Toro's best film, nor the best use of the "Frankenstein" name, but it modernizes a classic work, where the philosophy of the quest to understand oneself in the face of society's violence is as necessary as feeling alive. Therefore, the film proves to be an effective work, despite being, as stated, inconsistent.





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